Artigo Científico - Estrias
- esteticistamaya
- 13 de jan. de 2021
- 7 min de leitura
ESTRIAS: CONCEITO, ETIOLOGIA, HISTOLOGIA E ABORDAGENS TERAPÊUTICAS
MAYARA KELLY DE ALMEIDA HONORATO DA SILVA.
INTRODUÇÃO
As estrias são alterações cutâneas indesejáveis, resultado de estresse mecânico (estiramento) ou estresse fisiológico (estímulo hormonal), as fibras elásticas rompidas são inundadas por sangue formando a lesão tecidual visível caracterizada como cicatrizes lineares visíveis, a princípio elas são avermelhadas/violáceas, após, esbranquiçadas e abrilhantadas (nacaradas ou estrias albas).
A maior incidência se dá no gênero feminino em idade entre 12 e 14 anos, e, em meninos de 12 e 15 anos. Pode aparecer também na fase adulta, em gestantes e muito raramente em crianças. As regiões mais comuns são nos seios, quadris, coxas e bumbum.
Por não haver uma definição específica para as causas do surgimento das estrias, estudos apontam para causas multifatoriais, sendo elas:
Fatores endocrinológicos (hormonal);
Uso de medicamento;
Crescimento acelerado;
Efeito sanfona (estresse mecânico);
Predisposição genética;
Esforço excessivo.
ETIOLOGIA E HISTOLOGIA DAS ESTRIAS
Há três teorias para tentar justificar o aparecimento das estrias: a teoria mecânica, teoria endócrina e teoria infecciosa.
A teoria mecânica explica que por meio da gordura excessiva no tecido adiposo, rápidos períodos de crescimento, ocorre a ruptura ou perda das fibras elásticas dérmicas, como por exemplo, na gestante, no crescimento e em obesos.
Na teoria endócrina esta relacionada com as alterações hormonais, especificamente com os hormônios corticoides. Esta teoria propõem que o hormônio esteroide está presente de forma atuante em todos os quadros em que as estrias surgem como na obesidade, adolescência e gravidez, explicando o fato da ocorrência de estrias ser raríssima em crianças abaixo de cinco anos, ou até nove anos, mesmo que obesas, pois a secreção desse hormônio só se inicia na puberdade.
Na teoria infecciosa diz que processos infecciosos acarretam danos às fibras elásticas, provocando as estrias. Foi observada em adolescentes a presença de estrias púrpuras após febre tifóide, tifo, febre reumática, hanseníase e outras infecções.
Acredita-se ainda que as estrias possam ocorrer em indivíduos que têm predisposição genética. Acredita-se que os genes determinantes para a formação do colágeno, da elastina e da fibronectina estejam reduzidos em sujeitos portadores de estrias atróficas, ocasionando uma alteração no metabolismo do fibroblasto. Já que a estria atrófica é uma lesão cutânea, após o aparecimento destas, como em toda lesão, ocorrem diversos processos na tentativa de reparar a lesão.
No que se trata da histologia das lesões, observa-se uma redução tanto no volume, quanto na quantidade dos elementos da pele e o rompimento das fibras elásticas. Além disso, nota-se que a epiderme é delgada e há um declínio na espessura da derme. As fibras colágenas estão afastadas entre si, e no centro da lesão não existem muitas fibras elásticas, ao contrário do contorno onde surgem reunidas e ondeadas.
Apesar de surgirem em ambos os sexos, predominam no sexo feminino (60%), quando comparados ao sexo masculino (40%). Um dos principais períodos é a adolescência, sendo bastante comum em cerca de 90% das mulheres durante o período gestacional, porém estes podem variar. Não costumam ocorrer, em condições normais, em pessoas acima de 45 anos e nem em crianças.
METODOLOGIA
Pesquisa puramente exploratória com objetivo de trazer informação a população e ao acadêmicos da área. Fonte de pesquisa Scielo , Google Acadêmico e periódicos publicados em revistas eletrônicas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ABORDAGENS TERAPÊUTICAS E TRATAMENTOS
Atualmente estão se aplicando diversas técnicas para atenuar, prevenir e se possível eliminar, mas pouca atenção era dada às estrias, em relação ao seu tratamento, pois são consideradas sequelas irreversíveis. Isso está embasado no próprio exame histológico da estria, onde se pode observar uma redução no volume e número dos elementos da pele e o rompimento de fibras elásticas, e se sabe que estas fibras não se regeneram. Porém, estudos recentes abriram uma nova perspectiva no tratamento das estrias, utilizando diferentes técnicas e produtos. Dentre os recursos com efeitos mais expressivos encontram-se diversos tratamentos como:
Corrente galvânica;
Microdermoabrasão;
Estimulação elétrica;
Mesoterapia;
Aplicação de ácidos;
Laser Cooltouch;
Peeling utrassonico;
Intradermoterapia;
Mesoliffiting;
Vacuoterapia;
Luz intensa pulsada;
Carboxterapia;
Peelings químicos;
Cosmecêutico.
Selecionando algumas dessas técnicas foi realizada uma breve pesquisa reunindo pontos importantes e essenciais sobre cada uma delas.
CORRENTE GALVÂNICA
Essa técnica consiste no uso de uma corrente contínua, pois a fonte de energia mantém entre seus polos uma diferença de potencial constante. É usada na estética para tratamento de acne, estrias, olheiras, desincruste, ionização facial e corporal, rugas, linhas de expressão e eliminação do excesso de sebo na pele. A corrente galvânica estimula a migração de fibroblastos, a angiogênese e o aumento da síntese de proteínas, por isso é tratamento para amenizar as estrias

Neste tipo de onda não existe tempo de repouso, por isso, pode causar queimaduras. Os íons são polarizados no sentido da corrente, não havendo assim, o efeito da repolarização.
CONTRAINDICAÇÃO Pessoas com diabetes, próteses metálicas, epilepsia, gestantes, cardiopatias infecção ativa, feridas e úlceras não podem fazer esse procedimento.
GALVANOPUNTURA
Igualmente chamada de “microgalvânica”, pelo fato de ser uma microcorrente polarizada, o aparelho utiliza uma corrente contínua e intensidade diminuída ao nível de microampères. O eletrodo ativo é em forma de agulha, que pode ser descartável ou esterilizável, acoplada a um porta-agulha no formato de caneta, sendo este conectado ao pólo negativo da corrente a qual foi agregada.

A agulha utilizada deve ser fina, confeccionada em material inoxidável, resistente e pontiaguda, para penetrar com facilidade a pele e, o comprimento não deve ultrapassar 4 mm.
É uma técnica que associa os benefícios da corrente galvânica, como a estimulação sensorial, hiperemia capilar, aumento da circulação, nutrição da área e aceleração do processo de cicatrização, juntamente com os efeitos do processo inflamatório, induzido pela puntura da agulha, sendo o principal meio, o qual a corrente penetrará pela pele na estria.
O trauma causado pela inflamação eleva a atividade metabólica local, causando uma formação de tecido colágeno, com regresso da sensibilidade fina, devido ao preenchimento da área degenerada.
Em um estudo realizado com 32 pacientes do sexo feminino, idades entre 20 e 30 anos com estrias albas em glúteos, uma vez por semana ao longo de um período de dez semanas, comprovou-se que o tratamento através da galvanopuntura é eficaz e benéfico para as pacientes que utilizam esta terapia. Nos dados apresentados indicou-se para a possibilidade da técnica ter um efeito antioxidante e antidislipidêmico. As amostras bioquímicas das amostras de sangue mostraram que a galvanopuntura não induz nenhum processo inflamatório sistêmico, diminui consideravelmente o estresse oxidativo e melhora o perfil lipídico (BITENCOURT, 2007).
CONTRAINDICAÇÃO
Devem-se observar alguns fatos que impossibilitam o tratamento, tais como níveis elevados de glicocorticóides, sejam exógenos ou endógenos, que ocorrem na síndrome de Cushing ou na puberdade, assim como após a gravidez, quando ocorrem grandes alterações hormonais, em portadores de doenças cardíacas, de neoplasias, de vitiligo, gestantes, epiléticos ou qualquer outra patologia que contra indique a aplicação de eletricidade. Também em casos de diabetes, hemofilia, síndrome de Marfan, propensão a cicatrizes hipertróficas ou quelóides, e pacientes que fazem uso de corticoides, esteroides e antiinflamatórios, condições estas que podem interferir no resultado do tratamento.
CUIDADOS PÓS PROCEDIMENTO
Evitar a exposição solar para não haver risco de hiperpigmentação cutânea e não estimular em regiões em que há feridas recentes, bem como processo inflamatório ativo, de modo a evitar cronificação ou agravamento da lesão.
MICRODERMOABRASÃO
É uma técnica de esfoliação abrasiva, não cirúrgica, a qual se pode controlar e executar de forma não invasiva, sendo considerada um método de desgaste superficial da pele, com efeito sobre a remodelação dérmica.

Possui inúmeras recomendações, dentre elas, a prevenção de estrias e o afinamento do tecido epitelial, preparando-o para tratamentos que consistam em revitalização e resultando em uma textura saudável, causada pelo aumento de proteínas, elastina e colágeno (BORGES, 2010).
Apresenta caráter regenerativo, o qual desencadeia um processo inflamatório, baseado em uma lesão causada por agente físico. É indicado para estrias antigas, o tratamento não é doloroso e exige de cinco a dez sessões, dependendo do caso. Entretanto, há relatos de que sejam necessários de dez a vinte sessões com intervalos de 7 a 15 dias entre elas para obter-se resultados.
CONTRAINDICAÇÕES E CUIDAPOS PÓS PROCEDIMENTO
A técnica não deve ser muito enérgica, para evitar um desconforto e, deve ser mais cuidadosa no momento em que apresentar eritema ou vermelhidão. Por isso, deve-se evitar a exposição solar nas 48 horas, tanto antes, quanto após o procedimento. Deve-se ter controle do uso de cosméticos ou cosmecêuticos que contêm ácidos, evitando uma grande sensibilização epidérmica. Assim como, associação de peelings químicos ou produtos queratolíticos às sessões de microdermoabrasão, sem o prévio conhecimento do profissional responsável.
PEELINGS QUÍMICOS
O peeling químico se trata da aplicação de um ou mais agentes esfoliantes na pele, o que resulta na destruição de partes na epiderme e/ou derme, seguida de regeneração dos tecidos epidérmicos e dérmicos.
Há uma classificação de três tipos de peelings químicos, que são: superficial, médio e profundo. Basicamente o peeling atinge três profundidades, isto varia dependendo do resultado que se quer atingir e do motivo para o qual está sendo realizado o peeling. Tal substância química induz a uma acelerada esfoliação e renovação celular, que se for manuseada por um profissional habilitado com produtos e local adequados, é um procedimento confiável e seguro.
COSMECÊUTICOS
Trata-se de cosméticos verdadeiros com alto grau de tolerância para as peles mais sensíveis, isto é, mais de 20% dos indivíduos, e que possuem alto nível de eficácia. São produtos intermediários entre cosméticos e medicamentos. Estes, por sua vez, promovem algum tipo de modificação na pele, pelo fato de interagirem de maneira mais ativa com o organismo. Geralmente, são importados ou manipulados com receita e apresentam a vantagem de unir os benefícios da cosmética com os da fundamentação de estudos clínicos.
Um cosmecêutico apresenta uma ou mais funções cosméticas, ou seja, possui funções de limpeza e/ou hidratação e/ou nutrição, proteção, embelezamento ou tonificação, associadas a um ativo (medicamento), e modifica de forma significativa a função-alvo. Podem ser considerados como substâncias medicinalmente ativas, com formulações compostas por bioativos não medicinais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As estrias são lesões tegumentares adquiridas e, como toda cicatriz, possuem difícil tratamento. Com o avanço atual das técnicas, vários tratamentos estéticos são realizados, porém, não há estudos que comprovem sua eficácia para o desaparecimento total das estrias e, por tratar-se de predisposição genética, a prevenção inclui tanto a manutenção do peso ideal quanto uma boa hidratação cutânea. A melhora da aparência com diminuição da espessura/largura e coloração são alcançadas através de procedimentos de galvanopuntura, microdermoabrasão e peelings associados ao uso de cosmecêuticos, que tendem a evitar a aparição de novas estrias. Estas técnicas podem ser utilizadas tanto em conjunto, quanto isoladas, principalmente quando referidas à peelings químicos ou a determinadas classificações de estrias. Onde a aparência pode variar em diversas situações, a lesão pode apresentar-se em depressão ou elevada em relação ao nível da pele e/ou com coloração diferenciada, cabendo ao profissional avaliar corretamente e indicar o tratamento mais adequado.
A microdermoabrasão, por exemplo, é um método não invasivo, não cirúrgico o qual não requer a utilização de anestesia e, não possui efeitos colaterais e nem contraindicações. Trata-se de um procedimento de leve desgaste da pele, com finalidade de causar uma remodelação da derme, no intuito de se recuperar a homeostase morfológica e histológica da área anatômica. Já os tratamentos com peelings químicos, propiciam uma descamação controlada da epiderme e derme com a finalidade de revitalização fazendo uso de ácidos.
Referências
JUNIOR, A.; SILVA, R.; SILVA, V; PAULINO, E. ESTRIAS: Fisiopaologia, Principais Tratamentos Estéticos. 2016
COSTA. R. Principais Metódos para Tratamento Estético de Estrias. 2016
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